segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

“Um Encontro Perfeito” – desafio (parte III)

- My darling Catherine… vamos… ao nosso lugar…

- Ao nosso lugar?

Ele pára, vira-a para ele e olhando bem no fundo dos olhos dela diz…

-Por uma vez vais deixar-me fazer-te uma surpresa, pode der?

O sorriso dela combina com o brilho no olhar…

- Vou?...
- Vais… e agora vamos voltar para o carro que não quero que te constipes.
- Yes sir!

Retomaram o caminho de volta ao carro abraçados. Ele sentia o coração dela ligeiramente acelerado, sabia o quão difícil era para ela fazer algo que não soubesse o que era. Não lidava bem com surpresas, por isso estava algo espantado de ela não ter oposto mais resistência ou pelo menos insistido na pergunta. Entram no carro.

- E…
- E o quê?
- …onde vamos afinal?
- Arranca que eu vou fazer de gps.

Ela soltou uma gargalhada e arrancou com um ligeiro exagero de acelerador. Seguem em direcção à serra de Sintra com ele sempre a dar indicações imitando uma voz robótica.

De moto, todos estes anos depois, relembra as indicações que lhe dera enquanto refaz exactamente o mesmo percurso. Já está perto e mergulha de novo nas recordações daquela noite.

- É ali ?
- Sim.
- …o que é aquilo?
- … é o nosso lugar, como te disse.

Ao longe avistava-se o que parecia uma cabana de montanha, quase toda em madeira apenas uma chaminé de pedra era visível.

- Só me trazes a sítios chiques.
- …não julgue pelo embrulho, por favor.

Pararam o carro em frente ao alpendre e saíram. O ar húmido deixou-a arrepiada de novo. Antes de a cobrir de novo com casaco, passa os olhos pelo seu decote e repara nos mamilos hirtos. Ela finge que não percebe para onde ele está a olhar preferindo dirigir-se à porta. Entram, ele acende uma luz e dirige-se à lareira do lado esquerdo da divisão. Ela olha em volta. Era difícil classificar a decoração até porque numa única divisão, além da lareira, havia cama mesa e tudo o mais. Na parede adjacente à lareira um mapa ladeado de duas pistolas e uma catana, tudo de aspecto antigo, prendem a sua atenção.

- Eram do meu bisavô…
- O quê?...
- O mapa, as pistolas e a catana eram do meu bisavô materno.
- …ah mas eu não perguntei nada.
- Sim mas estavas a perguntar-te.
- … tens a mania que me conheces mas enganas-te. Eu até estava a olhar para …
- Para o ramo de flores secas no aparador ali ao canto certo?
- … pensei que ias dizer a cama…
- … darling, também olhaste para ela mas conheço-te o suficiente para saber que seria o mapa era a primeira coisa que prenderia a atenção nesta sala.
- Pronto tens razão… e essa lareira já está acesa ou não?
- ..está quase.

Olhou em volta e lá viu a ramos de flores secas que ele mencionara e que ela ainda nem tinha reparado. Dirigiu-se ao aparador e ficou a olhar uma escultura em pau preto, um corpo feminino estilizado numa pose muito sensual.

- Vais dizer-me que foi o teu bisavô que fez?
- Não foi um amigo dele. Esse homem era um artista, aquele quadro que vês por cima da cama também é dele.

Sente-se um aroma a pinhas, a lareira estava acesa finalmente. Ela vira-se, olha o quadro que ele referira, um pôr do sol na savana pintado em cores quentes em traços largos e fortes.
Sente as mãos dele na sua cintura e o queixo ombro. Ele murmura-lhe algo ao ouvido e dirigem-se para o canto oposto à lareira onde está um frigorífico e um armário por cima de um lava-loiça. Ele liga uma luz por baixo do armário para iluminar a bancada. Abrem-se portas e gavetas.

- Hum… sim… e…
- Ah estava a ver que não vias…
- Pois pode ser também…

Enquanto ele corta o queijo e o presunto aos cubinhos e colaça num prato ousado na bancada ao lado do frigorífico ela pega nas duas peles que enfeitavam o sofá e coloca-as no chão em frente à lareira e desliga a luz de cima. Ouve-se o som de uma rolha. Ele vira-se com o prato numa mão, os copos e a garrafa na outra e tem de fazer um esforço para não deixar cair tudo. No chão, deitada em cima das peles, ela olha-o com desejo. A luz da lareira atrás de si ilumina os seus cabelos ruivos que parecem em chamas, as suas formas parecem realçadas pela luz tremilicante da lareira.


Continua…


FATifer

4 comentários:

  1. ...e eu que tenho panca com ruivas...

    :)

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  2. Cenário idílico! "O amor e uma cabana"...
    Olha que este quadro faz jus às fantasias de muito boa gente!
    Este encontro antevê-se ter sido perfeito... mas anseio por aquele que a tua história conta relativo ao presente da ação.

    Beijinhos e parabéns. Está a ficar uma história linda! :)

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  3. Ulisses,

    Muito me honras com a tua visita a este espaço.

    … “panca com ruivas” parece-me bem! :)

    Abraço,
    FATifer

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  4. Cara Orquídea,

    Espero não estar a abusar de estereótipos mas se estiver paciência…

    Mas olha que nem tudo é o que parece… deixa-me escrever a próxima parte e logo veremos o que sai.

    Beijinhos,
    FATifer

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